quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
PNBEPH - ENERGIA: Presidente da Endesa Portugal preocupado com reavaliação do plano de barragens
PNBEPH - ENERGIA
PRESIDENTE DA ENDESA PORTUGAL PREOCUPADO COM A REAVALIAÇÃO DO PLANO DE BARRAGENS
Reavaliação do plano nacional de barragens pode por em causa investimento de 450 milhões de euros.
O programa de Governo está a preocupar a gigante espanhola Endesa.Em causa está o capítulo referente à retoma da aposta nas energias renováveis, e a alínea em que é dito que o Executivo liderado por António Costa vai “reavaliar o plano nacional de Barragens, no que diz respeito às barragens cujas obras não se iniciaram”. A Endesa tem em curso um investimento de 450 milhões de euros precisamente numa barragem no rio Mondego.
O presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, adianta ao Diário Económico que “a Endesa tem em marcha um investimento de 450 milhões de euros na barragem de Girabolhos, no rio Mondego, e está obviamente preocupada com as duas linhas escritas no programa de Governo”.
“Lançar uma referência de que se vai repensar o plano nacional de barragens quando está em curso um investimento de 450 milhões de euros, que é muito dinheiro em qualquer parte do mundo, é, no mínimo, ligeiro”, acusa o mesmo responsável.
Nuno Ribeiro da Silva revela que recebeu de imediato um telefonema vindo de Espanha para “tentarem perceber o que se passa”. “Somos uma multinacional, é preciso perceber o que é que aquelas linhas querem dizer”, explica o gestor, que acrescentou ainda que o programa de Governo “é um documento generalista. o que significa que vai haver uma resolução do Conselho de Ministros a explicitar de forma mais concreta o que será o ‘road map’ e a implementação do programa do Governo”.
Contactado, o Ministério da Economia, liderado por Manuel Caldeira Cabral, não respondeu ao Diário Económico.
Apesar da obra da barragem de Girabolhos ainda não ter arrancado, a Endesa já investiu 80 milhões de euros no projecto. Aos 35 milhões de euros pagos à cabeça ao Estado português no momento da adjudicação, acrescem estudos e expropriações de terrenos.
“Estou expectante. A situação não é, no mínimo, simpática”, confessa o gestor, que realça ainda que, para “um país que precisa de investimento estrangeiro e que tem de transmitir um sentimento de compromisso e de responsabilidade, estas atitudes não são muito compreensíveis”. Até porque, acrescenta: “As pessoas no mundo não se deitam e acordam a pensar em Portugal. Temos que nos diferenciar pela coerência e pela continuidade. Não se podem passar sinais para o exterior que este tipo de temas varia conforme a cor política.”
Nuno Ribeiro da Silva recorda que “este projecto não tem um tostão de apoios do Estado e é o maior investimento realizado naquela região do país [concelhos de Nelas, Seia, Mangualda e Gouveia]”.
O projecto da barragem de Girabolhos teve origem no Plano Nacional de Barragens colocado a concurso pelo Estado português em 2008,durante o Executivo de José Sócrates.
Na altura, a Endesa venceu o concurso relativo a este projecto, oferecendo ao Estado 35 milhões de euros por esta concessão por um período de 65 anos. O aproveitamento hidroeléctrico funcionando em regime de reversibilidade terá uma potência instalada total de aproximadamente 360 megawatts (MW) e será responsável por gerar energia eléctrica suficiente para o abastecimento de 250 mil famílias em Portugal.
Ainda sobre o programa de Governo, Ribeiro da Silva considera que não faz sentido “demonstrar preocupação com os preços de energia e, ao mesmo tempo, aumentar a carga fiscal sobre o sector energético”.
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