quarta-feira, 20 de abril de 2011

Barragem de Fridão: “Associação acusa câmara de Amarante de trocar milhões da EDP pela segurança dos amarantinos”






Barragem de Fridão
“Associação acusa Câmara de Amarante de trocar milhões da EDP pela segurança dos amarantinos”



“Não há valor nenhum que pague a segurança da população”, disse à Agência Lusa Emanuel Queirós, membro da Associação Cívica Pró-Tâmega

A associação que se opõe à construção da barragem de Fridão criticou hoje a Câmara de Amarante por “trocar uns milhões de euros” da EDP pela segurança dos amarantinos.


“Não há valor nenhum que pague a segurança da população”, disse à Agência Lusa Emanuel Queirós, membro da Associação Cívica Pró-Tâmega.


Este ativista, que há anos é um dos rostos de Amarante mais visíveis da contestação à barragem, comentava o facto de a autarquia local, de maioria PS, ter aprovado, na terça-feira, receber da EDP 5,6 milhões de euros pelos impactes da construção do aproveitamento hidroelétrico.


Para Emanuel Queirós, “o que continua a preocupar mais os amarantinos é a questão da segurança”, lembrando que a barragem ficará apenas a oito quilómetros da cidade e que uma eventual derrocada significaria que a área urbana ficaria inundada em 13 minutos.


Por outro lado, chama à atenção para o que considera ser “uma incoerência gritante” da maioria neste processo, lembrando que em fevereiro do ano passado, quando estava em discussão pública o estudo de impacte ambiental, a câmara ter deliberado por unanimidade opor-se à construção da barragem. Na moção, o executivo liderado por Armindo Abreu considerava a barragem “um sacrifício demasiado elevado para os munícipes”, aludindo também às questões da segurança.


Apesar disso, o ativista admitiu à agência Lusa não ter ficado surpreendido com a votação no executivo, porque, sublinhou, nas várias intervenções públicas do presidente sempre se notou um posicionamento dúbio.


Para Emanuel Queirós, esta votação no executivo “é um desrespeito e desobediência às deliberações da Assembleia Municipal, que se opôs à barragem em diferentes momentos”.


Significa também, acrescentou, “vender aquilo que Amarante tem de perene, como a sua paisagem e segurança, por troca de financiamento fugazes e eventual resolução de problemas de tesouraria”.


Para o ativista, “é importante que a população abra os olhos para as consequências que resultam dos atos dos políticos”, porque a barragem “significará uma perda inaceitável e deplorável das condições de segurança”.


O PSD, na oposição na Câmara de Amarante, votou contra as compensações propostas pela EDP, acusando a maioria de ter negociado esta proposta da EDP “em segredo” e de, na prática, ao aprovar a compensação, ter "uma atitude de conformismo e servilismo” com o Governo.


Na reunião de câmara, o presidente Armindo Abreu negou que o processo de licenciamento da barragem já tenha um fim definido, mas, anotou, com estes protocolos a câmara saberá com o que poderá contar se a barragem avançar.


A barragem de Fridão é uma das 10 que constam do Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroelétrico, afetando território dos concelhos de Amarante, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Mondim de Basto.


Em abril do ano passado, o Ministério do Ambiente emitiu a declaração de impacto ambiental (DIA) condicionada à cota mais baixa da barragem de Fridão.


Armindo Mendes (Lusa), in Tâmega online - 20 de Abril de 2011

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