quinta-feira, 25 de agosto de 2016

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

PNBEPH - RIO TÂMEGA: Universidade do Porto questiona impacto da Barragem do Alto Tâmega na extração de lítio


PNBEPH - RIO TÂMEGA

UNIVERSIDADE DO PORTO QUESTIONA IMPACTO DA BARRAGEM DE ALTO TÂMEGA NA EXTRACÇÃO DE LÍTIO

Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto estão a estudar os impactos da construção da barragem do Alto Tâmega, no Norte do país, na extração do lítio necessário para as indústrias vidreiras, de cerâmica e químicas.

"O que está em causa é pôr em risco uma atividade que já existe na atualidade com quatro empresas (indústria cerâmica e vidreira) e matar à nascença uma que poderia ser de mais-valia, que é o caso da extração de minérios de lítio (por exemplo, espodumena) para a produção de concentrados de litiníferos, usados para criar derivados essenciais na fabricação de baterias para os carros híbridos ou elétricos", explicou à Lusa o investigador Alexandre Lima.

De acordo com o geólogo, Portugal é considerado um dos dez maiores produtores a nível mundial de minérios de lítio, material que é também aplicado nas tecnologias para gerar e armazenar energia, fabricação de lubrificantes e produção farmacêutica e de ar condicionado bem como produção de ligas leves para a indústria aeroespacial.

Com o aumento do preço deste metal, "que triplicou nos últimos meses", "empresas de vários países contactaram a Universidade do Porto para verificar a possibilidade de desenvolver projetos de prospeção e avaliação em alguns dos depósitos de lítio portugueses para a indústria química".

Um desses exemplos é a indústria automóvel, em que a utilização deste material vai aumentar "de modo especial" devido à substituição do parque automóvel atual por carros híbridos e elétricos e ao crescente armazenamento de energia em baterias gigantes para resolver problemas de fornecimento, referiu Alexandre Lima.

Segundo o investigador, o lítio vai ser ainda "estratégico", num futuro a médio e longo prazo, na área dos combustíveis para energia nuclear.

Há, no entanto, situações "que não podem ser controladas", como é o caso do ordenamento de território. "Neste momento estão a ocorrer alguns conflitos de interesse a nível de áreas que vão ser ocupadas por outras indústrias, nomeadamente para a construção das barragens previstas para o Norte de Portugal, que põem em causa este potencial".

"A fauna e flora têm mecanismos de proteção e de adaptação, mas os recursos geológicos só podem ser explorados no local onde se encontram", explicou, acrescentando que se forem inviabilizados alguns dos depósitos minerais de lítio em Portugal "pode-se condicionar o negócio na totalidade do território nacional, pois são necessários consideráveis volumes para que exista viabilidade económica deste tipo de projeto".

O investigador defende que uma das possibilidades para resolver esta questão é explorar primeiro os depósitos minerais que vão ser afetados, utilizando, posteriormente, o material que não servir para a indústria química na construção da barragem.

"Estamos na vanguarda em termos de investigação e em conseguir atrair a indústria mundial do lítio para o nosso país, mas vejo nuvens negras neste potencial se não houver salvaguarda dos recursos geológicos", concluiu o investigador.

Lusa, in RTP Notícias, 17 de Agosto de 2016