quinta-feira, 1 de agosto de 2013

ENERGIA - EDP: Ex-secretário de Estado acusa Governo de ocultar real situação na energia






ENERGIA - EDP
Ex-secretário de Estado acusa Governo de ocultar real situação na energia

Henrique Gomes diz que o Governo está a cortar nas rendas da energia menos do que o anunciado, que o défice tarifário “está descontrolado” e que o Executivo não vai cumprir o compromisso de não aumentar os preços da energia em mais de 1,5%.


O ex-secretário de Estado da Energia acusa o Governo de estar a dar números referentes a cortes nas rendas da energia que não são reais, num artigo de opinião publicado esta quinta-feira no Negócios.

“O Governo tem dito que em resultado das negociações com os produtores cortou um pouco mais que 2.000 milhões de euros. A verdade é que, retirando 400 milhões de euros relativos à Garantia de Potência, os cortes até 2020 não ultrapassarão os 900 milhões de euros. Destes, 600 milhões de euros são relativos à cogeração, 110 milhões de euros aos CMEC, 120 milhões de euros à eólica (com contrapartidas para além de 2020) e os restantes 70 milhões de euros à mini-hidrica. Os excessos não foram eliminados. O incumbente permaneceu praticamente intocado!”, acusa.

Henrique Gomes não fica por aqui e continua a criticar o Governo. “O défice tarifário alcançou, nas últimas semanas, o valor de 4.000 de euros. Continua a subir, e está descontrolado”, adianta. Por isso, “o Governo, como se sabia, vai falhar os compromissos assumidos e o de não haver aumentos reais anuais acima de 1,5%! O Governo tem consciência da situação, mas oculta-a, aconchega os pressupostos dos modelos, manieta a Economia. Em contrapartida, os relatórios do Conselho Tarifário da ERSE são uma fonte fidedigna”, acrescenta.

“A falta de equidade mata os Governos e a Democracia. Mata a esperança e, com ela, o País. No Governo e no Estado ainda há cidadãos competentes e conhecedores”, salienta. “Haja coragem para acabar com a Grande Farra!”, conclui.

Henrique Gomes foi secretário de Estado da Energia até Março de 2012, tendo saído em divergência com as rendas pagas no sector eléctrico. A encomenda de um estudo a peritos da Universidade de Cambridge acabou por traçar o futuro de Henrique Gomes.

Esse relatório levou o Governo a denunciar a existência de "rendas excessivas" na produção de electricidade em Portugal, em especial em contratos com a EDP. O rótulo das "rendas excessivas" seria firmemente contestado por António Mexia, antes, durante e depois da privatização da EDP.

in Jornal de Negócios - 1 de Agosto de 2013