sábado, 30 de novembro de 2019

TÂMEGA - BARRAGENS: Elétrica espanhola garante três barragens no Tâmega concluídas dentro do prazo



TÂMEGA - BARRAGENS
Elétrica espanhola garante três barragens no Tâmega concluídas dentro do prazo 

Iberdrola garante que o projeto no valor de 1.500 milhões de euros vai ficar pronto no distrito de Vila Real em 2023.


A Iberdrola está a construir três barragens em Portugal, no rio Tâmega, no distrito de Vila Real, Trás-os-Montes: Gouvães, Alto Tâmega e Daivões.


Num investimento previsto de 1.500 milhões de euros, este projeto tem estado envolvido em polémica nos últimos meses devido a divergências com o consórcio responsável pela construção.
Apesar da suspensão dos trabalhos na barragem de Alto Tâmega, a elétrica espanhola garante que o projeto vai estar concluído no prazo previsto, em 2023.
“A Iberdrola, sob a proteção do interesse público subjacente ao projeto de construção do Sistema Eletroprodutor do Tâmega, comprometeu-se com a execução das obras, nomeadamente no Aproveitamento de Alto Tâmega, dentro dos prazos e condições acordados com o Estado Português”, disse a empresa, em resposta a questões colocadas pelo Jornal Económico.
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, in Jornal Económico - 30 de Novembro de 2019

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES: Iberdrola paga 1,4 milhões às famílias afetadas pela barragem de Daivões








IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES

Iberdrola paga 1,4 milhões às famílias afetadas pela barragem de Daivões



O presidente da Câmara de Ribeira de Pena, João Noronha, anunciou hoje que a Iberdrola vai pagar mais 1,4 milhões de euros de indemnização às famílias afetadas pela construção da barragem de Daivões.
“Estamos a falar de bastante valor. Neste momento, não vou poder referir se a pessoa A, B ou C vai receber 30 ou 40 mil euros, mas posso-lhe referir que, das últimas conversas com a Iberdrola, estamos a falar de valores muito próximos dos 1,4 milhões de euros, no total, de compensação adicional ao valor que as pessoas já receberam da empresa”, afirmou o autarca daquele município do distrito de Vila Real.
No Porto, João Noronha, que esteve reunido durante a manhã com representantes da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), da Iberdrola e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), revelou ainda que dos 43 casos de famílias que terão de ser deslocadas devido à barragem, 38 já foram resolvidos.
A reunião teve por objetivo encontrar uma solução para o realojamento de famílias afetadas no concelho de Ribeira de Pena por força da construção da barragem de Daivões, incluída no Sistema Eletroprodutor do Tâmega.
Por resolver estão ainda seis situações que dizem respeito a famílias que, até ao momento, ainda não encontraram uma solução de realojamento e às quais a Iberdrola ofereceu realojamento temporário em pré-fabricados.
“A questão ainda carece de mais algum estudo, mas há indícios de que podemos vir a encontrar uma alternativa para aquela solução inicial”, sublinhou o presidente de Ribeira de Pena.
Na reunião de 18 de novembro, o autarca tinha deixado claro que, mesmo como medida transitória de dois ou três anos, a câmara não aceitaria esta solução, por entender que não responde ao que consideram ser “condições mínimas” para receber os moradores.
À data, a Iberdrola esclareceu que os pré-fabricados “são habitações devidamente certificadas, que asseguram o conforto dos moradores“.
Os “pré-fabricados” foram colocados no Largo da Feira, no centro da vila, numa área cedida pela autarquia, estando a elétrica a oferecer também “soluções que permitam aos habitantes dispor de um pequeno terreno, para que assim possam continuar a cultivar e a manter os seus animais”.
Para além destas medidas, a Iberdrola acordou com autarquia que assumirá o custo da urbanização dos lotes destinados a realojamentos de habitantes interessados nesta solução, caso a câmara disponha de um terreno que viabilize a construção das habitações.
Em declarações aos jornalistas, no intervalo da reunião desta manhã, João Noronha disse acreditar que iria ser possível fechar, ainda hoje, um acordo com a Iberdrola que ajude a minorar os “constrangimentos” causados.
“Também temos aqui um princípio de acordo com a Iberdrola que irá suportar os custos, pelo que esta reunião está a ser bastante positiva, no sentido de encontrarmos a melhor solução para minorar o constrangimento que foi causado a estas pessoas. Estamos a falar de 43 famílias que vão ver as suas casas desaparecer“, referiu.
Afinal da tarde, contudo, o presidente da autarquia esclareceu que o acordo global ainda não foi fechado, tendo ficado agendadas mais duas reuniões a realizar durante o mês de dezembro.
Quanto aos casos das famílias que ainda não tem uma solução de alojamento, João Noronha adiantou que em cima da mesa estão várias soluções, nomeadamente o arrendamento de habitações.
Questionado pelos jornalistas, o autarca referiu ainda que a compensação adicional hoje acordada pela Iberdrola não deverá ser paga este ano.
A albufeira de Daivões terá uma superfície de 340 hectares e, segundo a Iberdrola, esta albufeira é necessária para o funcionamento das centrais de Daivões e Gouvães. Neste momento, a empresa dá emprego a cerca de 1.800 pessoas nestas duas obras, das quais perto de 370 são dos municípios da região.
O Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET) engloba as barragens de Daivões, Gouvães e Alto Tâmega e é um dos maiores projetos hidroelétricos realizados na Europa nos últimos 25 anos, com 1.500 milhões de euros de investimento.
Lusa, in ZAP - 29 de Novembro de 2019

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

RIBEIRA DE PENA - BARRAGENS: Iberdrola disposta a reforçar valores das indeminizações às famílias afetadas pelas barragens





RIBEIRA DE PENA - BARRAGENS
Iberdrola disposta a reforçar valores das indeminizações às famílias afetadas pelas barragens

A Iberdrola mostrou disponibilidade para reforçar as medidas de compensação, adicionais ao processo de expropriação, de forma a favorecer o realojamento das famílias
Em comunicado, a empresa espanhola esclarece que reuniu na semana passada com o presidente da câmara de Ribeira de Pena, com a Agência Portuguesa do Ambiente e com a Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional Norte (CCDR-N), onde as partes envolvidas tentaram encontrar soluções para as pessoas que deverão deixar as suas habitações no final do ano, uma vez que este Natal ainda será passado nas suas casas.
João Noronha, presidente da câmara de Ribeira de Pena, o município mais afetado, ficou satisfeito com a abertura da Iberdrola para tentar ajudar estas famílias, acreditando que será possível garantir condições mínimas para as famílias que ficarão sem as suas casas. “Não poderão ficar nos contentores este tempo tudo, cerca de dois ou três anos”, reconhece o autarca, revelando que já foi possível chegar a acordo com 27 famílias, de um total de 49.
A Iberdrola refere que está a articular, com as autoridades competentes, medidas de compensação, "adicionais ao processo de expropriação, que favoreçam o realojamento das famílias". 
Relativamente às habitações provisórias, a Iberdrola disse que “são habitações devidamente certificadas, que asseguram o conforto dos moradores”. Estas casas estão em processo de instalação, ficando por terminar os trabalhos de integração com a envolvente e que assegurem a privacidade dos moradores.
A Iberdrola está a oferecer também soluções que permitam aos habitantes dispor de um pequeno terreno, para que “possam continuar a cultivar e a manter os seus animais”.
Para além destas medidas, a Iberdrola acordou com a câmara municipal que “assumirá o custo da urbanização dos lotes destinados a realojamentos de habitantes permanentes ou ocasionais interessados nesta solução, caso a autarquia disponha de um terreno que viabilize a construção das habitações”.
A Iberdorla explicou que o enchimento das albufeiras de Daivões e do Alto Tâmega terá impacto em 52 casas. Dessas 52, 43 situam-se no município de Ribeira de Pena e são afetas à albufeira de Daivões e as nove restantes ficam situadas em Boticas, Chaves e Vila Pouca de Aguiar, estas últimas alocadas à albufeira do Alto Tâmega. 
Quanto à ocupação, dessas 52 casas, no momento em que se realizaram os primeiros contactos, em 2017, 23 correspondiam a ocupação permanente e as restantes 29 tinham ocupação ocasional, essencialmente segundas residências. A Iberdrola salienta que os acordos amigáveis representam mais de 75 por cento do total. Do restante, apenas 1,5 por cento corresponde a casos de não aceitação da indemnização proposta e os demais estão relacionados com problemas de registo predial e de titularidade de heranças indivisas.
Amanhã haverá uma nova reunião entre os mesmos envolvidos para tentar as melhores para as populações. 
MÁRCIA FERNANDES, in A Voz de Trás-os-Montes - 28 de Novembro de 2019

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

RIO TÂMEGA - BARRAGEM DE DAIVÕES: Barragem da Iberdrola atira famílias para contentores (e vai apagar a Ilha dos Amores de Camilo)









RIO TÂMEGA - BARRAGEM DE DAIVÕES

Barragem da Iberdrola atira famílias para contentores (e vai apagar a Ilha dos Amores de Camilo)


A construção da barragem de Daivões que vai integrar um dos maiores projectos hidroeléctricos da Europa dos últimos 25 anos e que será explorado pela Iberdrola, vai fazer desaparecer património cultural de Ribeira de Pena, em Vila Real. A aldeia de Ribeira de Baixo deixará praticamente de existir. 

A barragem de Daivões vai ser a primeira a nascer no âmbito do mega-projecto do Sistema Electroprodutor do Tâmega que vai incluir ainda as barragens de Gouvães e Alto Tâmega. O investimento de 1500 milhões de euros foi concessionado à Iberdrola, mas constitui um projecto de iniciativa do Governo. 

A previsão aponta para a finalização da barragem de Daivões em Junho de 2020. Nessa altura, alguns pontos turísticos de Ribeira de Pena ficarão submersos, como é o caso da “Ilha dos Amores” – a ilha localizada em Friúme que se tornou célebre numa das “Novelas do Minho” do escritor Camilo Castelo Branco

Também vai ficar submersa a ponte de arame sobre o rio Tâmega que está situada no lugar de Lourido e que liga as freguesias de Rebordelo e Arnóia. A ponte de quase 20 metros, construída com arames torcidos sobre si mesmos e apoiada em pilares graníticos, integra o roteiro turístico alusivo a Camilo Castelo Branco. 

A barragem vai ainda fazer desaparecer do mapa a aldeia de Ribeira de Baixo, em Ribeira de Pena. Quase toda a aldeia vai ficar submersa e a maioria dos moradores já a abandonou no âmbito do processo de expropriações. 

Alguns moradores ainda resistem na aldeia, alguns ainda procuram buscar os últimos pertences, enquanto outros não estão satisfeitos com as indemnizações oferecidas pela Iberdrola. 

A família Gonçalves é uma das que aceitou a indemnização, um valor inferior a 78 mil euros, mas que alega que só o fez porque se sentiu intimidada a aceitar, referindo que a Iberdrola ameaçou levar o caso a tribunal, mesmo que estivesse em causa apenas um euro de divergência. 

“Nós aceitámos, porque se não aceitássemos, a Iberdrola ia meter o dinheiro no tribunal. Com medo, pensei, se fosse a tribunal ainda ia perder dinheiro“, refere Glória Gonçalves em declarações à TVI.

“É um grande desgosto”

Esta família, como outras que ainda não têm nova solução habitacional, vai ser alojada em contentores no centro de Ribeira de Pena. Estes pré-fabricados ainda estão numa fase de construção, estando divididos em T1, T2 e T3, conforme as necessidades de cada agregado familiar.

Os moradores podem viver nestes contentores durante dois anos, até encontrarem nova solução habitacional. 

Glória Gonçalves não se conforma com a ideia, lamentando que sempre viveu “com uma lareira” e que não pode “criar frangos, nem galinhas, nem coelhos”. “É um grande desgosto. Pensei que tinha construído esta casa para não andar aos empurrões de um lado para o outro. Pensei que iria morrer aqui, que poderia passar o resto dos meus dias descansada. Afinal, enganei-me”, queixa-se a mulher em declarações ao Correio da Manhã (CM). 

A TVI avança que “a Câmara de Ribeira de Pena vai disponibilizar um terreno municipal para que os moradores afectados possam construir as habitações”. E a Iberdrola garante que já acordou com a autarquia que vai pagar “o custo da urbanização dos lotes destinados a realojamentos de habitantes, permanentes e ocasionais”, como destaca uma fonte da eléctrica ao CM. 

Compreendemos e estamos solidários com o desconforto que esta mudança de lar possa causar. As pessoas são, efectivamente, a nossa prioridade máxima“, aponta a Iberdrola.

A empresa destaca ainda que está “a articular, com as autoridades competentes, medidas de compensação, adicionais ao processo de expropriação com base na medida 29 do plano de acção sócio-económico de declaração de impacte ambiental”.

in ZAP - 27 de Novembro de 2019

MCDT - COMUNICADO: CONTINUA URGENTE «SALVAR O TÂMEGA»!











MCDT - COMUNICADO
CONTINUA URGENTE «SALVAR O TÂMEGA»!   

Dando expressão e sentido às preocupações vividas pelas populações do Tâmega – com a execução do, então, anunciado Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH) –, de consequências repercutidas agora sobre idosos indefesos e habitantes de uma região subalternizada e esquecida, com agravamento nas condições de vida das populações afectadas pela construção da barragem de Daivões (Ribeira de Pena),

Vinculados à defesa da qualidade da água no eixo fluvial principal e seus afluentes, pela valorização e desenvolvimento da região Tâmega,

Perante as ameaças que pairam sobre os territórios de Boticas e Montalegre, contíguos aos territórios do Tâmega, com as polémicas concessões para a exploração de lítio em territórios classificados de Património Agrícola Mundial (FAO),

Cidadãos do Tâmega e membros do Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega (MCDT), reunidos em Mondim de Basto no dia 25 de Outubro (p.p.), manifestam o seu protesto tomando a posição  a seguir divulgada em «Comunicado», no que respeita aos mais legítimos anseios das respectivas comunidades humanas, denunciando ofensas danosas de desprezo com as populações, avalizadas pelo Estado, e de consequências irreversíveis para os equilíbrios ambientais existentes na região.






Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega



COMUNICADO
  
CONTINUA URGENTE «SALVAR O TÂMEGA»!

Comemorando onze (11) anos sobre a aprovação do Manifesto Anti-Barragem «Salvar o Tâmega e a Vida no Olo» com que, em 2008, o Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega (MCDT) tomou posição definitiva contra o famigerado Programa Nacional de Barragens (PNBEPH) e encetou a luta contra a artificialização do rio e afluentes do Tâmega e a implosão das excepcionais condições naturais do vale a montante da cidade de Amarante,

Saudando a decisão governamental (de Abril de 2019) pelo cancelamento definitivo da construção do empreendimento hidroeléctrico no escalão de Fridão (Amarante), anunciado desde o Estado Novo (anos 40 do século passado), e retomado em 2007 pela eléctrica chinesa EDP,

Convergente com a manutenção da integridade do Parque Natural do Alvão e da salvaguarda do rio Olo, na desistência do transvase das águas, pela eléctrica espanhola IBERDROLA, para a Barragem de Gouvães (Vila Pouca de Aguiar) no rio Louredo, em 2009, e com o cancelamento definitivo da construção da Barragem de Padroselos (Boticas), em 2010, para preservar uma comunidade de mexilhões margaritifera margaritifera no rio Beça,

No dia 25 de Outubro de 2019, sob os auspícios norteadores do Manifesto «Salvar o Tâmega e a Vida no Olo», um grupo de cidadãos fundadores do Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega, reunido na vila de Mondim de Basto,

a) Permanecendo fiéis aos valores e à integridade do Tâmega, contra a artificialização do rio e a implosão das excepcionais condições naturais do vale e da serra a montante da cidade de Amarante,

b) Analisando o contexto implosivo a que a bacia do rio Tâmega está a ser submetida no âmbito da execução do designado «Sistema Electroprodutor do Tâmega» concessionado à espanhola IBERDROLA, o aviltamento de patrimónios ancestrais classificados – naturais e culturais – que deram cunho monumental ao território, e tendo presente os impactos sociais conflituantes e agressivos para a estabilidade das populações locais, provocados por interesses adversos estranhos à região, condicionadores da Lei, destruidores de recursos territoriais estratégicos e das harmonias ambientais estabelecidas na região, contrários à organização das comunidades humanas e empobrecedores das economias familiares,

c) Por unanimidade, deliberaram tomar a posição seguinte, que farão chegar à Presidência da República, ao Governo, aos partidos com assento parlamentar na Assembleia da República, às instituições representativas regionais e locais, e aos órgãos de Comunicação Social:

1 – Em mais de uma década de consciência partilhada pelo MCDT sobre os problemas estruturais que deprimem a região – do Alto ao Baixo – e do agravamento que a execução do PNBEPH veio trazer ao Tâmega, com a decepação do rio, a retenção e degradação das águas para uso hidroeléctrico exclusivo, e a instalação da rede eléctrica de Muito Alta Tensão a sulcar paisagens, em sobreposição à falha estrutural do Tâmega, às populações e aos seus bens e patrimónios naturais e culturais, ficamos com prova da ausência de medidas de desenvolvimento endógeno e de lideranças locais e regional, patente no desconforto de frouxas, tergiversantes e inconsequentes representatividades políticas de freguesias e municípios, numa problemática decisiva do nosso tempo, de interesse capital para a região, concelhos e freguesias afectadas, para as populações presentes e futuras.

2 – As posições assumidas há onze (11) anos pelo MCDT permanecem actuais e, com o tempo, ganharam o valor da vinculação aos testemunhos de subalternidade e espoliação das populações do Tâmega, agora em Ribeira de Pena com a construção da Barragem de Daivões, tratadas como indígenas nas suas próprias terras, tendo de abandonar suas habitações para viverem em contentores, a troco de expropriações compulsivas e miseráveis oferecidas pela eléctrica espanhola IBERDROLA.
São testemunhos vivos deploráveis na região, em Portugal e na Europa, dos tempos fúteis e de atribulação que altos interesses imputaram gravosamente ao Tâmega e às suas populações, servidos na bandeja do ‘desenvolvimento’, das ‘energias verdes’ e da ‘descarbonização’.

3 – No Tâmega, o ideário de uma região para o seu povo com a sua história em equilíbrio com a natureza, ultrapassando o ostracismo a que na República está votada, realizando um percurso de desenvolvimento por um mundo melhor em cada um dos concelhos que oferecem o chão à nossa existência comum, continua por cumprir pelo Estado representado nos eleitos e dignitários do regime.
Na bacia do Tâmega as águas de rios e ribeiros são impunemente usadas para descargas consecutivas de efluentes domésticos e industriais, com o contributo de autarquias e concessionárias de sistemas multimunicipais de saneamentos, tanto em Espanha como em Portugal, contando com o alheamento da tutela nacional do Ambiente.
Nos níveis alarmantes de degradação registados na eutrofizada albufeira da Barragem do Torrão (Alpendorada – Marco de Canaveses), caldo químico putrefacto intensivo produtor de cianobactérias e metano, está espelhada a consciência ambiental comum e o valor conjuntural que a água de superfície possui para os decisores.

4 – A privatização de um inestimável recurso natural único, como a água da bacia do Tâmega, em seu estado de equilíbrio dinâmico e a concessão da construção das barragens de Alto Tâmega (Daivões, Gouvães e Alto Tâmega) à espanhola IBERDROLA, são medidas espatafúrdias portadoras das condições de degradação da qualidade da água de superfície e dos lençóis freáticos, do seu impedimento para usos múltiplos, de insegurança colectiva nos municípios do Tâmega e de desprezo pelas pessoas; incentivam o abandono do interior pelas populações ribeirinhas em idade activa, gerando o rastilho a que inocentes cidadãos ficam expostos sem protecção nas rotinas comuns.
A constituição e o funcionamento do «Sistema Electroprodutor do Tâmega» será traduzido na região em perdas naturais e patrimoniais relevantes e irreversíveis, desusos, afastamentos, êxodos, esquecimentos, criador de monótonas paisagens humanizadas e, pelas proporções absurdas que toma nos modos afrontosos e no seu sobredimensionamento perante as populações, torna-se uma ameaça artificial desmesurada com repercussões em todos os concelhos da região.

5 – A concessão e monitorização do Tâmega (vale, água, rio, bacia, patrimónios naturais e culturais) à eléctrica espanhola IBERDROLA constitui um aviltamento das funções tutelares do Estado – Governo e autarquias locais – e uma irresponsabilidade na salvaguarda de uma parte substancial da soberania nacional, passando os respectivos recursos a ser geridos por interesses estranhos à região e ao país, os mesmos que decepam o vale, retalham e destroem o rio no açougue da produção hidroeléctrica.
No estado de esquecimento a que o Tâmega está votado, da fronteira com Espanha ao Douro, recuam ainda mais os ministérios e secretarias de Estado do Planeamento, da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, da Coesão Territorial, da Valorização do Interior, da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, numa acção de retracção do Estado em que os órgãos locais eleitos pelas populações e as respectivas comunidades intermunicipais são subalternizadas à outorga privada de responsabilidades e direitos comuns inalienáveis à eléctrica espanhola.

6 – A manifestação pública da solidariedade do MCDT com as populações das aldeias barrosãs de Morgade, Carvalhais, Rebordelo (Montalegre) e Covas do Barroso, Romaínho e Muro (Boticas), habitantes dos territórios do Barroso e Alvão, paisagens classificadas em 2017 pela Agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) de Património Agrícola Mundial, actualmente alvos de uma nova ameaça de exploração do seu recurso natural, neste caso capitalizada pela febre do lítio, que esventrará serras e baldios de usufruto colectivo, e deixará feridas irremediáveis a céu aberto, comprometendo solos, rios, fontes e minas de água usadas na sobrevivência e no abastecimento das populações e animais no Alto Tâmega.
O alarme dado pelo sobressalto das populações do Barroso-Alvão à conta da ameaça da exploração mineira é mais um garimpo autorizado pelo Governo nas costas das populações das aldeias visadas, de natureza semelhante à alienação do Tâmega à eléctrica IBERDROLA, que trará como consequência a desertificação de um vasto território contíguo e complementar à região, a merecer outros cuidados e respeito pela parte do Estado português.

7 - SALVAR O TÂMEGA!..., rio e região, continua a ser uma emergência, aumentada no tabuleiro das alienações dos patrimónios de um Estado alheio a esta região, bem como a urgência nacional de desenvolvimento, na integridade dos valores presentes no território e na consideração das suas populações presentes e futuras.

Mondim de Basto, Novembro de 2019

terça-feira, 26 de novembro de 2019

IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES: "Fui expulsa da minha casa”: Construção de barragem afunda Ribeira de Pena e coloca famílias em contentores






IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES

"Fui expulsa da minha casa”: Construção de barragem afunda Ribeira de Pena e coloca famílias em contentores


Casa onde Glória e Eurico vivem vai ficar submersa em junho devido à construção de barragem. Casal recebeu 78 mil euros, mas quantia não chega para comprar terreno e construir nova habitação.

Glória Gonçalves, 69 anos, e o marido, Eurico Fernandes, de 79, passam os finais de tarde frios sentados junto à lareira da cozinha da casa que construíram com o que ganharam ao longo de mais de 50 anos de trabalho na agricultura. 

Mas este é um gesto que tem os dias contados, uma vez que o casal vive numa das 43 casas da localidade de Ribeira da Baixo, no concelho de Ribeira da Pena - aldeia que em junho do próximo ano irá desaparecer do mapa de Portugal, quando se começar a encher a barragem de Daivões, no rio Tâmega.

Leia mais no Correio da Manhã.

in SÁBADO - 26 de Novembro de 2019  

IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES: Barragem vai apagar do mapa aldeia de Ribeira de Pena








IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES
Barragem vai apagar do mapa aldeia de Ribeira de Pena

Além da deslocação da popular ponte de arame, vai também desaparecer a "Ilha dos Amores", um local evocado na obra de Camilo Castelo Branco

(Clicar na imagem para ver a reportagem)

No próximo ano, mais de 40 casas da aldeia de Ribeira de Baixo vão desaparecer devido à construção da barragem de Daivões. 

O processo de expropriações está a revoltar os moradores que consideram insuficientes as indemnizações da Iberdrola
A TVI falou com a família Gonçalves, uma das várias várias famílias que vão abandonar a casa onde vivem e que aceitaram a indemnização da Iberdrola.
HCL, in TVI24 - 26 de Novembro de 2019

IBERDROLA - TÂMEGA: PEV pede esclarecimentos sobre realojamentos devido à barragem de Daivões





IBERDROLA - TÂMEGA

PEV pede esclarecimentos sobre realojamentos devido à barragem de Daivões


O Partido Ecologista Os Verdes (PEV) pediu esclarecimentos ao Governo sobre o processo de realojamento dos habitantes de Ribeira de Pena afetados pela construção da barragem de Daivões, que integra o Sistema Eletroprodutor do Tâmega.
Através da Assembleia da República, a deputada Mariana Silva questionou o Ministério do Ambiente e da Ação Climática sobre as diligências levadas a cabo pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) “para garantir que as medidas de minimização de caráter específico previstas pela Declaração de impacto Ambiental (DIA) serão cumpridas integralmente, por forma a não acarretar prejuízo social e económico para os proprietários dos terrenos afetados definitivamente pela construção da barragem de Daivões”.

No documento a que a agência Lusa teve hoje acesso, a parlamentar do PEV questionou ainda se o “Governo prevê uma solução alternativa ao alojamento em contentores cedidos pela Iberdrola para realojar os residentes que não têm habitação imediata”.
A barragem começa a encher no verão de 2020 e ainda não está concluído o processo de realojamento de algumas das famílias afetadas no concelho de Ribeira de Pena, distrito de Vila Real.
A Iberdrola, que detém a concessão do SET, já esclareceu que o enchimento da albufeira de Daivões vai afetar 43 casas e não 49, como tem sido referenciado, e referiu que, atualmente, existem “oito casos de moradores que continuam a viver nas suas casas”.
“Destes oito casos, seis vão ocupar as habitações provisórias facultadas pela Iberdrola. Os restantes dois já possuem outra habitação alternativa”, disse fonte da empresa à Lusa.
O PEV considerou que, “para os habitantes de Ribeira de Pena, muitos deles idosos, viver nestas condições é uma afronta à sua dignidade" já que a "casa onde habitam representa o investimento de uma vida de trabalho, nalguns casos à custa da emigração”.
“Viver em contentores, para além de não oferecer as condições de segurança, conforto e privacidade, impossibilita a manutenção dos seus hábitos e costumes, nomeadamente as suas atividades rurais e agrícolas”, acrescentou o partido.
Para o PEV, as indemnizações propostas pela elétrica espanhola “são claramente insuficientes e abaixo da avaliação imobiliária", o que, de acordo com moradores, "inviabiliza a possibilidade de adquirir um terreno e construir casa em Ribeira de Pena”.
Os Verdes consideram que o “processo negocial com vista a um acordo sobre as compensações a atribuir pela Iberdrola às famílias desalojadas (…) tem gerado a indignação e protestos dos habitantes, dado que não estão a ser garantidas as justas compensações pelos valores efetivamente perdidos como prevê a DIA”.
“Tais compensações deveriam assegurar não só habitação digna, no mínimo equivalente àquela que as pessoas atualmente possuem, mas também garantir a subsistência das populações, permitindo a continuidade das suas atividades rurais e agrícolas”, sublinhou o PEV.
O partido elencou o ponto número 53 da DIA onde pode ler-se: “Os proprietários dos terrenos afetados definitivamente deverão ser justamente indemnizados, tendo em conta o valor do prédio e também os prejuízos daí decorrentes, devendo o valor a atribuir ter em conta os valores efetivamente perdidos.”
Nos últimos tempos têm-se realizado várias reuniões entre o município de Ribeira de Pena, a Iberdrola, a APA e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N). A próxima está agendada para sexta-feira.
“Espero que seja uma reunião bastante proveitosa e conclusiva em termos da satisfação de todas as reivindicações das famílias afetadas”, afirmou hoje o presidente da Câmara de Ribeira de Pena, João Noronha.
A Iberdrola tem dito que “tenta sempre estabelecer um acordo amigável com os proprietários, tanto de terrenos como de habitações” e que “os acordos amigáveis com os proprietários representam mais de 75% do total”.
O acordo entre as partes tem de ficar fechado até janeiro de 2020, data até à qual os moradores têm de abandonar as suas casas.
O Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET) engloba as barragens de Daivões, Gouvães e Alto Tâmega e é um dos maiores projetos hidroelétricos realizados na Europa nos últimos 25 anos, com 1.500 milhões de euros de investimento.
Lusa, in A Voz de Trás-os-Montes - 26 de Novembro de 2019

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES: VIDAS AFUNDADAS


IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES
VIDAS AFUNDADAS




Vidas afundadas na aldeia da Ribeira de Baixo, em Ribeira de Pena. 43 casas por água abaixo. 43 famílias afogadas na tristeza da maldade a que foram sujeitos.

Famílias têm que se mudar para pré-fabricados situados na sede do concelho de Ribeira de Pena. Podem ter ar condicionado, paredes térmicas e o raio que os parta, mas nada que substitua as casas das pessoas que em Ribeira de Baixo fizeram vida.


A Iberdrola concessionária do projecto das barragens que tiveram iniciativa do Estado, garante que as famílias terão nos contentores o conforto pelo menos igual ao das suas casas.


"De tanta alegria ao fazê-la, dão-me agora tamanha tristeza ao abandoná-la", diz uma velhinha desesperada prestes a despedir-se da sua casa.


As casas prometidas pela Iberdrola ninguém as vê. Os que não concordam com a esmola que lhes querem dar para construírem novas habitações, para já vão para os contentores. Os contentores nem forrados a ouro substituem ou compensam o apego, a memória, a história da vida daquelas pessoas. 


Deslocados à força, eles são as primeiras vítimas humanas do atentado ao nosso Rio Tâmega.

Começa mal a construção do "paraíso aquático" tão apregoado por todos os responsáveis políticos que estavam à espera da mama. Não é nada que a minoria anti-barragens no Tâmega, residente nas bordas do rio e onde me incluo, não tenha alertado.


A destruição mais que previsível está agora, verdadeiramente, a começar com os mais que directamente afetados. 


Depois da banheira cheia virá o resto: destruição do actual ecossistema ribeirinho - fauna e flora com profundas alterações, alteração no clima local, forte probabilidade das albufeiras criadas virem a ser uma massa aquática eutrófica, etc., etc....

Alfredo Pinto Coelho, in Facebook - 25 de Novembro de 2019
Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega

IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES: Construção de barragens no Tâmega obriga famílias a deixar para trás casas de uma vida








IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES

Construção de barragens no Tâmega obriga famílias a deixar para trás casas de uma vida

Alguns terão de se mudar para contentores.


No Investigação CM desta segunda-feira vamos conhecer as vidas de famílias obrigadas a saírem das casas pela construção de três barragens no Rio Tâmega.

Só em Ribeira de Pena, 43 casas vão ser engolidas pela água e uma aldeia do concelho, Ribeira de Baixo, vai mesmo desaparecer do mapa.


Os moradores têm  de abandonar os locais onde viveram toda a vida e onde esperavam morrer. Algumas famílias vão mesmo ter de ir para contentores.

Em Ribeira de Baixo, as famílias estão a ser forçadas a deixarem o local. Alguns dos moradores já abandonaram as casas por terem chegado a acordo com a empresa elétrica, responsável pela construção das três barragens, outros vão ficar até ao último dia, na primeira semana de janeiro.

Sem terem casa nova, alguns terão mesmo de ir viver para contentores. 

Na Barragem de Daivões, uma das três que está a ser construída nos concelhos de Boticas, Chaves, Vila Pouca de Aguiar e Ribeira de Pena, as construções têm impacto em 52 casas, 43 das quais situadas na aldeia de Ribeira de Pena.

Várias famílias têm agora deixar a casa onde viveram toda uma vida e onde criaram os filhos. Para trás deixam as recordações.

Nelson Rodrigues, in CMTV - 25 de Novembro de 2019