ChavesRequiem pelo Rio Tâmega - Mais um
Vila Meã - Onde o Tâmega entra em Portugal
Hoje vamos pelo nosso Rio Tâmega abaixo e sintamo-nos privilegiados por ainda o poder fazer.
Não sou radical como os ecologistas mais radicais que em questões de ambiente vêem em todos os nossos gestos o fim do mundo. Não o sou tanto mas também tenho as minhas preocupações ambientais e, custa-me ser obrigado a pertencer a uma geração e ter atravessado parte de dois séculos que na história futura vai ficar registada como não amiga do ambiente, principalmente em questões da água e da sua qualidade.
Não sei quantos milhões de anos tem este nosso Rio Tâmega, mas pela certa e tendo em conta que o nosso planeta tem cerca de 4,6 biliões de anos, o nosso Tâmega tem uns bons milhões de anos. Milhões de anos em que naturalmente, sem ninguém o molestar, foi escolhendo livremente o seu melhor caminho por entre serras e montanhas, tomando algum descanso nos vales até finalmente entrar triunfante no Rio Douro. Tive a honra de o conhecer assim, com uns bons milhões de anos em cima, mas ainda virgem na sua pureza e dignidade.
Não sou radical como os ecologistas mais radicais que em questões de ambiente vêem em todos os nossos gestos o fim do mundo. Não o sou tanto mas também tenho as minhas preocupações ambientais e, custa-me ser obrigado a pertencer a uma geração e ter atravessado parte de dois séculos que na história futura vai ficar registada como não amiga do ambiente, principalmente em questões da água e da sua qualidade.
Não sei quantos milhões de anos tem este nosso Rio Tâmega, mas pela certa e tendo em conta que o nosso planeta tem cerca de 4,6 biliões de anos, o nosso Tâmega tem uns bons milhões de anos. Milhões de anos em que naturalmente, sem ninguém o molestar, foi escolhendo livremente o seu melhor caminho por entre serras e montanhas, tomando algum descanso nos vales até finalmente entrar triunfante no Rio Douro. Tive a honra de o conhecer assim, com uns bons milhões de anos em cima, mas ainda virgem na sua pureza e dignidade.
Infelizmente a nossa vida e a vida do Tâmega não faz parte de um filme onde um final feliz é ditado pelo argumentista. Assim, não sei qual irá ser o final do Rio Tâmega, mas sei que o homem na escrita do seu argumento começou a encaminhá-lo para um final pouco feliz, primeiro, com desculpas da modernidade e do avanço do progresso, começaram a esventrá-lo para dele tirar a matéria-prima das torres e mamarrachos das cidades, ou no nosso caso, da cidade de Chaves, decorriam os finais dos anos 70, continuou pelos anos 80 e 90 e só acabou já neste Século XXI.
Curiosamente (penso não estar errado) foi com políticas ambientais do Ministro do Ambiente José Sócrates que se pôs fim à exploração clandestina de areias no Tâmega, a montante de Chaves. Em apenas 30 anos a virgindade e pureza de milhões de anos do Tâmega, apenas num instante da sua vida, via a sua dignidade violada.
Acabaram-se os areais mas ficou a mazela e nunca mais o Tâmega foi igual, cristalino, puro, tanto mais que o “progresso” que ajudou a construir (torres e mamarrachos) esvaziaram as aldeias e encheram a cidade de novos inquilinos, um crescimento rápido para o qual a cidade não estava preparada em termos de infra-estruturas básicas, como o abastecimento de água e saneamento e é de novo o Rio Tâmega a ter de pagar a modernidade e o progresso, não só abastecendo de água a cidade ou melhor, emprestando água boa à cidade para lhe ser devolvida em forma de saneamento, problema que ainda hoje não está bem resolvido, pois basta passar pelo desaguar do Ribelas numa noite de verão para se testemunhar isso mesmo.
Curiosamente (penso não estar errado) foi com políticas ambientais do Ministro do Ambiente José Sócrates que se pôs fim à exploração clandestina de areias no Tâmega, a montante de Chaves. Em apenas 30 anos a virgindade e pureza de milhões de anos do Tâmega, apenas num instante da sua vida, via a sua dignidade violada.
Acabaram-se os areais mas ficou a mazela e nunca mais o Tâmega foi igual, cristalino, puro, tanto mais que o “progresso” que ajudou a construir (torres e mamarrachos) esvaziaram as aldeias e encheram a cidade de novos inquilinos, um crescimento rápido para o qual a cidade não estava preparada em termos de infra-estruturas básicas, como o abastecimento de água e saneamento e é de novo o Rio Tâmega a ter de pagar a modernidade e o progresso, não só abastecendo de água a cidade ou melhor, emprestando água boa à cidade para lhe ser devolvida em forma de saneamento, problema que ainda hoje não está bem resolvido, pois basta passar pelo desaguar do Ribelas numa noite de verão para se testemunhar isso mesmo.
Graças a José Sócrates o rio começou a recompor-se. O Ministro do ambiente começa a marcar pontos de simpatia ambientais, ganhou até a confiança do Rio Tâmega, mal ele sabia que o mesmo José Sócrates, ganhando também a confiança dos portugueses, viria a ser Primeiro Ministro e depressa esqueceu as questões ambientais.
O grande amigo do Tâmega, com poder, acabaria por tornar-se o seu anunciado carrasco ao permitir e incentivar a construção das barragens em cascata que (a serem construídas) começam praticamente na cidade de Chaves e só terminam em Amarante.
Adeus rio Tâmega, pois de rio apenas restará um pequeno troço de cerca 30 quilómetro que vão desde a sua nascente até Vilela do Tâmega, pois a partir de aí passará a ser barragem, ou melhor – barragens.
O grande amigo do Tâmega, com poder, acabaria por tornar-se o seu anunciado carrasco ao permitir e incentivar a construção das barragens em cascata que (a serem construídas) começam praticamente na cidade de Chaves e só terminam em Amarante.
Adeus rio Tâmega, pois de rio apenas restará um pequeno troço de cerca 30 quilómetro que vão desde a sua nascente até Vilela do Tâmega, pois a partir de aí passará a ser barragem, ou melhor – barragens.
Este ainda é o nosso Tâmega
Ao passar por Chaves faz as delicias dos Flavienses e não só
Se José Sócrates é o principal carrasco do Rio Tâmega, na história não ficará registado como o único, pois todos os municípios ribeirinhos do Tâmega (leia-se políticos que estão à sua frente), os nossos representantes políticos (leia-se deputados e outros afins) também enfiam a carapuça do carrasco ao deixarem sacrificar um rio a troco de algum mísero lucro que possa dar para a região.
Dinheiro envenenado que nem sequer chegará para sepultura do Tâmega. Mas também nós, todos nós, não estamos isentos de culpas ao ignorarmos e ficarmos indiferentes a morte de nosso rio, porque afinal Rio Tâmega não é do Sócrates, nem dos Câmaras os dos deputados, o rio é nosso, de todos nós, é da humanidade e já nem quero falar de outros que também o têm como seu.
Enfim, mais um grande negócio entre quem manda e os políticos, com o povo a ajoelhar e a dizer ámen!
Dinheiro envenenado que nem sequer chegará para sepultura do Tâmega. Mas também nós, todos nós, não estamos isentos de culpas ao ignorarmos e ficarmos indiferentes a morte de nosso rio, porque afinal Rio Tâmega não é do Sócrates, nem dos Câmaras os dos deputados, o rio é nosso, de todos nós, é da humanidade e já nem quero falar de outros que também o têm como seu.
Enfim, mais um grande negócio entre quem manda e os políticos, com o povo a ajoelhar e a dizer ámen!
Vamos acreditar nesta crise e esperar que ela traga alguns benefícios, pelo menos acreditar que vai poder adiar por uns tempos a morte do Tâmega e sonhar que talvez desperte consciências para continuarmos a poder ter um rio chamado Tâmega, tal como o tem sido durante milhões de anos.
Não queria ter de dar razão aos ambientalistas radicais nem fazer parte de uma geração que iniciou o início do fim. Exija-se, pelo menos, que se digam com isenção quais os benefícios e malefícios de uma barragem ou de um conjunto de barragens, como é o caso. Ponham-se nos pratos da balança os anunciados prós e os eternos contras, veja-se para onde pende a balança.
Exija-se sinceridade e não a habitual mentira política e de interesses, que neste caso, começou logo pela tomada de decisão de construção destas barragens e os estudos a ela associados, como o do Impacto Ambiental estar a cargo dos donos das barragens e não de uma entidade independente e isenta de interesses na obra.
Não queria ter de dar razão aos ambientalistas radicais nem fazer parte de uma geração que iniciou o início do fim. Exija-se, pelo menos, que se digam com isenção quais os benefícios e malefícios de uma barragem ou de um conjunto de barragens, como é o caso. Ponham-se nos pratos da balança os anunciados prós e os eternos contras, veja-se para onde pende a balança.
Exija-se sinceridade e não a habitual mentira política e de interesses, que neste caso, começou logo pela tomada de decisão de construção destas barragens e os estudos a ela associados, como o do Impacto Ambiental estar a cargo dos donos das barragens e não de uma entidade independente e isenta de interesses na obra.
Já sei que de pouco valem estes meus escritos, mas pelo menos fica registado que não ajoelho em todas as procissões nem digo ámen a tudo que me querem impingir e tudo isto, como flaviense, pois costumo dizer por aqui que o nevoeiro de Chaves corre nas nossas veias, mas o Rio Tâmega faz parte da nossa alma e do nosso ser. Devemos-lhe o ser flaviense e até o cantamos em hino. Sejamos também os seus verdadeiros amantes, pois só estes é que se beijam…”Ó Chaves linda cidade pelo Tâmega beijada…” – Sejamos flavienses!
Por hoje ficam apenas imagens do Rio até Curalha. Mais oportunidades surgirão de trazer aqui o restante rio, aquele que vai ser assassinado caso as barragens sejam construídas, imagens para memória futura.
Fernando Ribeiro, in Chaves - Olhares sobre a cidade - 12 de Fevereiro de 2011
Por hoje ficam apenas imagens do Rio até Curalha. Mais oportunidades surgirão de trazer aqui o restante rio, aquele que vai ser assassinado caso as barragens sejam construídas, imagens para memória futura.
Fernando Ribeiro, in Chaves - Olhares sobre a cidade - 12 de Fevereiro de 2011
1 comentário:
Belíssimo texto acompanhado de não menos belas fotografias do nosso Tâmega.
Eu que sou Amarantino por parte de pai e Flaviense por parte da mãe, não poderia ter ficado indiferente a esta luta desigual, tão bem retratada aqui por Fernando Ribeiro.
Não deixa de ser irónico que a nossa última esperança (espero bem que não), seja a malfadada crise em que nos encontramos mergulhados, para vermos o Rio correr livre como há milhões de anos. Como também não deixa de ser irónico que quem, pelos vistos, acabou com os areeiros de Chaves seja o mesmo carrasco de agora. Para não ficar só, juntava-lhe o Francisco Assis, esse mesmo que enquanto presidente da Câmara Municipal de Amarante presidiu a uma Associação dos Municípios Ribeirinhos do Tâmega que em sua defesa, nos idos de 80, reuniram umas quantas vezes para comerem outros tantos almoços. Depois disso meteu a dita associação convenientemente na gaveta onde jaz adormecida até hoje.
Finalmente será bom não esquecermos um Ilustre deputado 'laranja' que mal acabado de chegar ao Parlamento já estava carreando acessorias da Iberdrola para o seu gabinete de advogados pretensamente defensores do Ambiente.
Com amigos destes como poderemos nós salvar o Tâmega?
A voragem é demasiada e a ganancia imparável.
Apesar de tudo haja esperança, na crise ou em Deus! Por que não?
Luís Rua van Zeller de Macedo (Amarante)
No dia 12 de Fevereiro de 2011
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